sábado, 29 de junho de 2013

14º Sarau da Casa Amarela, por Éder Vicente



O Akira, o kara, diz generosamente em sua resenha
sobre a abertura do 14º sarau da Casa Amarela que
viu de olhos fechados a certa altura, o som do sax,
parte de mim, e da voz de “riacho cristalino”, da
Ligia, parte de nós, anunciar aos “quatro ventos das
ruas de São Miguel” que a poesia teria feito morada
na Casa Amarela. Não vejo figuras de linguagem
nessa imagem. Principalmente pelo fato de
compreender que toda palavra que sai da boca do
poeta, e que todo som que sai da voz-instrumento,
ou do instrumento-voz se torna poesia ao se
descortinar ou se fazer desvelar num instante
acontecimento.
O filosofo poeta obscuro morador da floresta e seus
caminhos e descaminhos diria que a arte ao desvelar-
se faz acontecer a verdade! Verdade não absoluta,
não dogmática, não cientifica, não positivista, não
racionalista, mas que nasce no espírito humano do
artista em sua relação com o mundo. Assim como
Carlos Moreira num momento de encantamento –
“com o fogo roubado dos deuses (…) com a loucura
necessária (…) com a chama, já lhe tocado os dedos
os olhos a língua... nos permitiu que fossemos
tocados. Todos. Nós (Eder e Ligia), o Claudio Gomes,
o João Caetano, o Zezão, o Escobar, a Sueli, as Celias
(Ribeiro e Yamazaki) o Gilberto Brás, o Big Charlie, o
Silvio Araújo, o Silvio Kono, o Quinho, o Ceciro
Cordeiro, o Gueguê, enfim, todos. Os que carregam a
mesma ânsia. Mesmo desejo. Mesma vontade de se
banhar nas águas vivas da cachoeira da justiça.
E por falar em justiça, creio que se o Akira Yamasaki,
dono das mais lindas sagas poéticas não tivesse nos
olhado nos olhos (meu e da Ligia) com aquela luz que
escapa em suas ondas quânticas e não nos tivesse
impregnado com sua verdade, talvez não tivéssemos
nos permitido à abertura dos véus. Talvez nossa
singela musica não tivesse escapado e alçado vôos
rasantes por sobre a Casa Amarela do mundo. Eliot,
com sua permissão: “O que podia ter sido e o que foi
tendem para um só fim, que é sempre presente.”

Éder Vicente.


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