domingo, 29 de dezembro de 2013
sobre o karlinhos arcoverde
uma do karlinhos farias, sanfoneiro do trio arcoverde, quem
me contou foi francisco xavier e aconteceu no dia 21/12/13
no bar do wlad no show de ceciro cordeiro. o triangueiro do
trio arcoverde é um engana tiziu de primeira, faz altas caras
e bocas, coreografias mil e canta no microfone durante o
show inteiro sem emitir nenhum som. o sacha arcanjo, no
meio de uma canja aplaudidíssima junto com o trio fala com
karlinhos:- bicho, não consigo entender nada que do esse
triangueiro canta. ao que karlinhos responde: aperta a tecla
sap, sacha.
depois o abusado ainda vem sentar na minha mesa onde
estou belo e tranquilo com dona sueli kimura; karlinhos:
akira, você sabe como é que a gente pega um ricardão?; eu:
não sei não, como é que faz?; karlinhos: vou te ensinar, você
chega em casa e grita - muié, tô chegando, e corre pra porta
dos fundos, é batata; eu: e funciona mesmo?; karlinhos: não
dá outra, já peguei três, você também devia experimentar
esse método. sujeito mais atrevido esse sanfoneiro.
akira - 29/12/2013.
exercício
p/ tânia contreras e joelma bittencourt
o tempo agora é escasso
e cada voo é um exercício
de dor sem fim no espaço
mas não tenho outra casa
senão voar, voar e morrer
entre duas batidas de asas
akira – 28/12/2013.
o tempo agora é escasso
e cada voo é um exercício
de dor sem fim no espaço
mas não tenho outra casa
senão voar, voar e morrer
entre duas batidas de asas
akira – 28/12/2013.
laura kim
quando meus olhos pousam
no rosto de laura kim
seus cachos revoltados
acalmam tormentas em mim
akira – 25/12/2013.
risada
risada de estar junto dos amigos
sem hora para aquilo ou para isso
simplesmente dividindo a alegria
de uma risada sem compromisso
akira - 23/12/2013.
domingo, 22 de dezembro de 2013
peu
por pedro peu
na pedra pai
sento na pua
pago na pior
sem dar um pio
o maior pau
akira – 21/12/2013.
galope selvagem / cego valdemar, clipe com raberuan
galope selvagem, de sacha e raberuan
cego valdemar, de raberuan
voz: raberuan
arranjos: mizão e mizinho de carvalho
direção musical: mizinho de carvalho e raberuan
edição do clipe: cieila nogueira
cego valdemar, de raberuan
voz: raberuan
arranjos: mizão e mizinho de carvalho
direção musical: mizinho de carvalho e raberuan
edição do clipe: cieila nogueira
fotos: francisco xavier e lígia regina
produção e direção geral: edsinho tomaz de lima
produção e direção geral: edsinho tomaz de lima
e akira yamasaki
natalino
é tempo de natal
não vá ao shopping
não compre um tênis nike
não beba um chope
não olhe direto
nos olhos de ninguém
finja que não reconheceu
ao ver alguém
nunca fale ou peça
ajuda dos universitários
não ouça nem pense
se quiserem não impeça
se precisar de amor
ele não virá esqueça
e antes que sigam seus passos
aconselho que desapareça
akira – 19/12/2013.
não vá ao shopping
não compre um tênis nike
não beba um chope
não olhe direto
nos olhos de ninguém
finja que não reconheceu
ao ver alguém
nunca fale ou peça
ajuda dos universitários
não ouça nem pense
se quiserem não impeça
se precisar de amor
ele não virá esqueça
e antes que sigam seus passos
aconselho que desapareça
akira – 19/12/2013.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
o cuscuz fedegoso na casa de farinha
eu sempre torci o nariz quando me falavam de teatro de
rua porque na minha cabeça teatro de rua não existia, o
que existia de fato era teatro feito na rua. eu pensava
assim até sábado passado -14/12, quando assisti na casa
de farinha, à remontagem que o buraco d'oráculo fez do
espetáculo "o cuscuz fedegoso", talvez até devido aos
personagens da peça que são figurinhas pra lá de batidas
que a gente encontra todos os dias na rua. senão vejamos,
uma cuscuzeira com seu tabuleiro de quitutes, um pedinte
com seus talentos para a mendicância, uma vendedora de
raízes e elixires milagrosos que curam todas as nossas
enfermidades, físicas e mentais, dos dias de hoje e dois
policiais achacadores - eis os ingredientes, temperos e
poções que o buraco d'oráculo mexe no seu liquidificador
para realizar o teatro mais mágico, mais brincante, mais
hilariante, mais cheio de sacanagem genuinamente popular
e mais delicioso que já vi na minha vida. dou a mão à
palmatória, teatro de rua existe sim, o buraco d'oráculo me
mostrou que existe e tenho certeza que todos, crianças,
adultos e velhos, que estiveram presentes na rua santa
rosa de lima, em frente à casa de farinha no sábado
passado nunca mais serão os mesmos de antes. o buraco
acertou de novo na mosca e desejo vida longa a essa nova
versão do "cuscuz fedegoso". akira - 16/12/2013.
último domingo
peço mil desculpas aos compadres mateus tavares e
rafael carnevalli pela minha ausência indesculpável no
festival cultural na praça do forró, hoje à tarde, evento
do m.a.p que tenho certeza que bombou. não pude
comparecer, sei que prometi colar por lá mas fiquei
impossibilitado devido um acidente de percurso no meu
futebol de todo domingo de manhã - uma bola dividida
na corrida com um cara duas vezes maior e quarenta
anos mais jovem que eu, e resultado: o cotovelo virou
uma dolorosa bola de ping pong e o joelho uma
lancinante bola de bilhar que não dobrava de jeito
nenhum. é isso que dá querer jogar futebol aos 61 anos
mas tenho a consciência que todo domingo é meu
último domingo e se hoje foi o último, paciência, estou
conformado e tenho bons momentos guardados para
contar aos meus netos. só quero que saibam, meus
compadres matheus e rafael, que fiz o impossível para
colar no festival, gelo no joelho, gelol, compressas,
anti-inflamatórios, cataflans e voltaréns, nada, mas
nada mesmo conseguiu me levantar para ir até a praça
do forró. sei que estou devendo essa mas imploro que
acreditem em dois antigos ditados: 1º) "devo não nego,
pago quando puder", e 2º) "quem tem com o que me
pagar não me deve nada".
um abraço, meus compadres.
akira - 15/12/2013.
eduardo
ontem conheci eduardo
filho de lú e édson paulo
do buraco d’oráculo
foi no cuscuz fedegoso
lá na casa de farinha
por um instante sequer
não sossega o pestinha
corre, brinca, pula e cai
ele é bonito como a mãe
e tão feio que nem o pai
akira – 15/12/2013.
afeto meia boca
já morreu tarde
o seu afeto de segunda
afeto meia boca
dissimulado e traiçoeiro
moeda de troca brilhante
mas de escasso valor
morreu tarde mesmo
espero que apodreça
no sol gelado do deus dará
o cadáver desse afeto
akira – 14/12/2013.
domingo, 8 de dezembro de 2013
o fim
sou o sonho ruim
do anjo mutante
que me protege de mim
a mosca pousada
na cabeça degolada
e exposta na sua praça
a foto preto e branco
do seu cartaz procura-se
vivo ou morto
o verme degenerado
que habita o coração
do seu medo pior
aquele que ensina
que lá na frente
só existe o fim
akira – 07/12/2013.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
você
meus olhos
estão cegos
da sua luz
meus ouvidos
só tem antenas
para sua voz
minha boca
suplica muda
por suas mudas
de estações
minhas narinas
seguem seus cheiros
como dois cãezinhos
meus tênis
ficaram furados
dos seus caminhos
meu coração
está completo
de você
akira – 05/12/2013.
crianças e porcos
porcos enormes
porcos em brasília
porcos estaduais
porcos municipais
porcos satisfeitos
porcos à esquerda
porcos à direita...
porcos no centro
acima e embaixo
aliados entre si
estrategicamente
porcos impunes
sob proteção da lei
porcos insaciáveis
atolados e chafurdados
na lama grossa
na merda surda
com suínas prostitutas
de luxo
porcos aos milhares
de rapina à espreita
na calada noturna
contabilizam a féria do dia
com seus dedos grossos
amanhece enfim
e infâncias apodrecem
nos semáforos do país
pontas do iceberg submerso
do imenso continente
onde a dor dói mais
infâncias negras
infâncias tristes
infâncias ao deus dará
akira – 04/12/2013.
porcos em brasília
porcos estaduais
porcos municipais
porcos satisfeitos
porcos à esquerda
porcos à direita...
porcos no centro
acima e embaixo
aliados entre si
estrategicamente
porcos impunes
sob proteção da lei
porcos insaciáveis
atolados e chafurdados
na lama grossa
na merda surda
com suínas prostitutas
de luxo
porcos aos milhares
de rapina à espreita
na calada noturna
contabilizam a féria do dia
com seus dedos grossos
amanhece enfim
e infâncias apodrecem
nos semáforos do país
pontas do iceberg submerso
do imenso continente
onde a dor dói mais
infâncias negras
infâncias tristes
infâncias ao deus dará
akira – 04/12/2013.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
quando você se foi
quando você se foi o espanto
pesou dentro dos meus olhos
como ferro em brasa
quando você se foi o silêncio
pesou no meu estômago
como chumbo líquido
quando você se foi o vazio
pesou dentro do meu peito
como um buraco negro
quando você se foi o sangue
pesou nas minhas veias
como rios congelados
quando você se foi a dor
pesou no meu colo seco
como um filho morto
akira – 02/12/2013.
fique comigo
fique perto de mim
segure a minha mão
me aperta no seu abraço
durante a noite inteira
fique perto de mim
não me deixe comigo
sozinho na companhia
desse conhaque barato
hoje é dessas noites
do diabo se aproximar
da minha encruzilhada
como pássaro de rapina
fique perto de mim
não solte a minha mão
porque hoje tenho visitas
dos meus medos piores
akira – 30/11/2013.
carlos
virei macaca de auditório de carlos moreira no dia em
que li pela primeira vez um poema seu. foi no início do
ano passado e para mim foi o mesmo impacto de quando
assisti pela primeira vez o poderoso chefão ou de quando
vi pela primeira vez a carinha da minha filha clarice pelo
vidro da porta do berçário quando ela nasceu. a poesia de
carlos calou tão fundo dentro de mim que desde esse dia
tomei como tarefa e missão divulgá-la a todos os meus
amigos e para todas as pessoas em todos os caminhos e
lugares onde eu viesse a passar. a poesia de carlos é tão
poderosa e fala direto para os nossos corações sobre as
grandes questões e destinos do nosso tempo. a poesia
de carlos é tão poderosa que para mim a poesia se divide
em ac e dc, antes de carlos e depois de carlos. e apesar de
tão poderosa é uma poesia simples e popular, ao alcance
do entendimento do homem comum, prova disso tive
novamente na sexta passada, 22/11, no sarau literatura
nossa no jardim revista, periferia de suzano na grande são
paulo, onde o braço curto do poder público dificilmente
chega com ações culturais, quando testemunhei carlos
mandando seus poemas para as pessoas simples do lugar
que o assistiam em completo e reverencial silencio.
akira – 26/11/2013.
herança
herdei do meu vô
um destino de silêncios
pedras e vazios
e uns olhos inquietos
de sonhos pousados longe
em remotos poentes
akira – 25/11/2013.
uma comovente resenha de joão caetano sobre o blablablá do mpa
Nós, o MPA e os velhos corações juvenis.
A Casa Amarela promoveu um encontro histórico no sábado, dia
23 de novembro, quando debateu a experiência do Movimento
Popular de Arte, tendo como expositores Edvaldo Santana,
Edson Tomas de Lima Filho e Gilberto Nascimento. Foram cerca
de quatro horas de reminiscências, mas, sobretudo de avaliação
desse movimento que foi um turbilhão na vida dos que dele
participamos, e cuja influência ainda é sentida hoje, trinta e cinco
anos depois de seu surgimento e há vinte anos de seu término.
Edvaldo e Edson resgataram a origem do MPA, a partir de uma
pesquisa feita por dois antropólogos, que resultou numa exposição
artística na capela de São Miguel, embrião do movimento que
reuniu cantores, músicos, poetas, artistas plásticos, atores, enfim,
um mundo de gente que buscava um espaço para divulgar suas
criações, num tempo de cerceamento da liberdade imposto pela
ditadura militar. O MPA já nasceu como um movimento de
resistência à indústria cultural e, desde seu início, vinculado aos
muitos movimentos sociais que explodiam na região.
Santa Loucura
Nós vivemos a santa loucura daqueles tempos de mudanças no
cenário político, em que as diferentes concepções dentro dos
movimentos e da luta social começaram a vir à tona. O novo
cenário afetou também o MPA, aflorou suas divergências internas,
mas ele se manteve por um bom tempo, até que se esgotou e
terminou.
O debate trouxe à tona um pouco do que havia de ingênuo em
nossas posturas de jovens a investir com fúria contra moinhos de
ventos ou contra forças muito mais reais. Nestes tempos de tanto
pragmatismo político, a lembrança do purismo de nossas atitudes
naquela época foi uma janela aberta para que entrasse um pouco
de ar puro.
Ao final, ficou a certeza de que essa experiência não pode se
perder. Uma das propostas surgidas foi a de resgatar o que há de
registros das atividades, fotos, filmes, documentos, etc., tendo
claro que a maioria desses materiais perdeu-se no tempo. Talvez a
criação de um centro unificado de documentação. Quem sabe até,
ouso propor, o registro dessas experiências na forma mais perene
de um livro.
No debate surgiu uma indagação: até que ponto essa nossa
experiência tem validade para as novas gerações? Cada geração
vive o seu momento, comete os próprios erros e acertos. Foi
assim com a nossa geração – e de uma forma mais radical- pois
vivíamos em plena ditadura. No entanto, muitos de nós, em dado
momento sentiu a necessidade de olhar para trás, para não repetir
os velhos erros ou mesmo para renegar com mais convicção tudo o
que foi feito antes.
Muitos das novas gerações, em dado momento, irão se interessar
por essa trilha. É nossa obrigação deixarmos o mapa do caminho,
para não sermos omissos.
O interesse no debate pauta a Casa Amarela a promover novos
encontros, procurando trazer à tona as diferentes opiniões que
permearam o MPA e que não eram meras divergências partidárias,
pensar assim seria rebaixar o debate. São, na verdade, diferentes
visões estratégicas do Brasil - como ficou claro no debate- e que,
portanto, levavam a táticas diferenciadas.
Hoje todos têm, eu creio, condições de encarar sem traumas esse
debate que é importante para situar o MPA em seu momento
histórico e trazer um pouco da luz do movimento, que era imensa
naqueles tempos sombrios, para hoje.
João Caetano do Nascimento - 24/11/2013.
blablablá muito louco
o último blábláblá do ano, ontem – 23/11, sobre o 35º aniversário
do movimento popular de arte – o mpa, foi realmente muito louco
e fechou com chave de ouro a série de conversas que a casa
amarela está realizando para refletir a arte e a cultura produzida
nas marginais e profundas periferias, tão generosas tanto na dor
como na alegria. joão caetano e escobar franelas, poetas
acelerados e rápidos no gatilho, já produziram e postaram
resenhas que disseram com clareza e claridade tudo que eu
poderia dizer e portanto só quero chamar a atenção de todos para
um detalhe: foram quase quatro horas de debate, dezenas e
dezenas de interferências, atenção total de todos os participantes
nas idéias e conceitos ali gerados, e apesar de exaustos ninguém
arredou pé do local, muito pelo contrário, ainda queriam mais,
tanto que o mediador, o escobar, teve que ameaçar, pedir pelo
amor de deus e literalmente encerrou a roda de conversa na marra.
muitos ainda foram para os botecos discutir detalhes que passaram
batido. as fotos ilustram melhor o que estou dizendo sobre esse
blábláblá muito louco com edsinho tomaz de lima, gilberto
nascimento, edvaldo santana e uma porrada de dinossauros do
mpa, os que não vieram a gente sabe que foi por motivo de força
maior.
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