sábado, 30 de julho de 2011

Cavalo morto


ferve de tédio
a madrugada abafada

tem um menino parado
na entrada de um beco
de bocas e biqueiras

tem um cavalo morto
no campinho de futebol
nas margens do tijuco

tem uma torneira pingando
em algum tanque de roupa
ou pia de cozinha

akira – 30/07/2011.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Laura e Akira

é a laura e o akira
afilhada e padrinho
godfather e passarinho

akira - 28/07/2011.

Escobar Franelas no Sarau da Casa Amarela

Escobar Franelas vai honrar com sua presença
única e luminosa, o palco do Sarau da Casa
Amarela, no dia 29/07/2011 – sexta-feira, a
partir das 20h. Artista múltiplo, videomaker,
escritor, ensaísta, filósofo, blogueiro e poeta
genial, Escobar é desses que tem muito para
dizer, muita munição para gastar.
Aproveitem. Não percam. A Casa Amarela fica
na Rua Julião Pereira Machado, 07, em São
Miguel Paulista.

Akira – 28/07/2011.
(PS: Cerca de um ano atrás, eu e Sacha fizemos
um rápido batebola versejado sobre um trabalho
chamado Peles Urbanas, com fotos que o Escobar
tirava com a câmera 2.0 do seu celular, que
transcrevo abaixo para enfatizarar a importancia
que ele representa para mim. Para o Sacha
também, com certeza.)  
Zaz 


no dois mega pixels
da retina celular
num zaztraz o escobar
captura exatidões
e o imperfeito rigor
da casca da cidade
o cheiro é esquivo
fugidia, a cor.

akira.
29/07/2010.

TRAZ

na exatidão do escobar
fico apreensivo
nem sei se vou
ou se me esquivo

vídeo parece verdade
o temor me assalta
ele vira tudo do avesso
pareço pernalta

um astronauta nu
no espaço destorcido
no bico do urubu
um retrato de excluído.

sacha arcanjo
29/07/2010.

Aqui virou clínica
de massagem de egos?

Escobar Franelas
02/08/2011.

zaztraz

a quem faz por merecer
faço massagem de egos
bajulo mesmo, não nego
e os que fazem por não
atiro na caixa de pregos

akira.
05/08/2010.

zaztraz 2

querido amigo poeta
és um sossegado ser
que se reveste sempre
do que deseja querer

teus quereres são assim
furam como uma broca
vão fundo no ambiente
na busca pela troca

sabes ir e sabes vir
conquistando teu espaço
num zaz trazes tudo
o que está no encalço.

sacha arcanjo
06/08/2010.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Abelha e pardal

Um blues de Edvaldo Santana, genuino produto
de São Miguel Paulista. Um blues com cara de
São Miguel, a ternura áspera e o duro lirismo
de Edvaldo escorrendo como veneno e mel
pelas ruas sujas do bairro.
Não se emocionem se forem capazes.

Akira - 25/07/2011.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sarau da Casa Amarela

Puxa, nem percebi mas já chegamos à 4ª edição do
Sarau da Casa Amarela que aos poucos vai se
firmando aos trancos e barrancos, como uma criança
aprendendo a caminhar, ao sabor das disponibilidades
de tempo e recursos dos envolvidos no programa.

Para nós da Casa Amarela é motivo de orgulho e
comemoração chegar ao 4º sarau e temos consciencia
de que isso só aconteceu devido ao apoio de muitos
amigos que colaboram para o sucesso do evento,
alguns atravessam a cidade no horário de pico para
ajudar.

Gente como Carlos Alberto Rodrigues - o Big
Charles, Alexandre D'lou, Jorge Gregório, Ivan neris,
Sacha Arcanjo, Tarcisio Hayashi, e Wlad e Nazaré,
do Bar do Wlad, só para citar alguns nomes.
A todos eles o IPEDESH e o Alucinógeno Dramático
agradecem de coração, o carinho e a amizade pelo
Sarau da Casa Amarela e aproveitam para convidar
a todos para comemorar o 4º sarau que ocorrerá

NO DIA 29/07/2011, SEXTA-FEIRA, COM
INÍCIO ÀS 20H, NA CASA AMARELA QUE
FICA NA RUA JULIÃO PEREIRA MACHADO,
17 (RUA DO COLÉGIO HUGO TAKAHASHI),
EM SÃO MIGUEL PAULISTA, PRÓXIMO À
SABESP;

Compareçam, o esquema é o de sempre, microfone
aberto às expressões e muito respeito pela arte de
cada um, e de lambuja, uma atração para lá de
muito especial:

UMA PERFORMANCE DO NOSSO QUERIDO
E GENIAL POETA ESCOBAR FRANELAS,
QUE DISPENSA MAIORES APRESENTAÇÕES.

Até lá. Tenho certeza que a Casa Amarela ficará
pequena demais nesse dia.

akira - 22/07/2011.
Escobar Franelas.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Meus poetas preferidos (21)

élcio thenório

conheci um cara incrível na casa do edsinho,
um desses tipos inesquecíveis que aparecem
de vez em quando, de quem fiquei amigo na
hóra, dessa espécie de pessoa que depois a
gente fica pensando se existe mesmo ou não
passa de um grande farsante, se é tudo isso
mesmo, um cidadão diferente que constrói a
diferença ou somente um conde falando aos
passarinhos, um herói de contos de fadas ou
talvez um solitário cavaleiro andante dos
tempos modernos lutando para preservar o
planeta;

seu nome é élcio thenório e sei por alto que
é jornalista, pratica ciclismo, cicloturismo e
cicloecoturismo e é militante da conservação
ambiental do planeta dentre outras coisas,  e
atualmente está envolvido com um projeto
maluco chamado rodas livres que consiste em
dar uma volta ao mundo de bicicleta, numa
viagem de 05 anos por 05 continentes e 80
países totalizando cerca de 90 mil quilômetros
rodados;

durante a volta ao mundo o projeto rodas
livres promoverá a expansão das práticas do
cicloturismo e do uso da bicicleta e produzirá
reportagens sobre iniciativas bem sucedidas
de conservação ambiental por diferentes
povos visitados que serão disponibilizados no
blog permanente que já está no ar, o
www.rodaslivres.com.br, onde os interessados
deverão acessar para conseguir maiores
informaçoes sobre o projeto e principalmente
para ajudar com recursos para o seu sucesso;

e se tudo isso é pouco e ainda querem mais,
saibam que guardei a faceta mais fascinante
do élcio thenório, a de poeta, para o final,
onde deixo voces em companhia do belo e
delicioso poema “o vento e a itália”.

akira- 18/07/2011.
 
O Vento e a Itália

Um vento refresca a Itália
Embala-a qual fosse um cântico
E cheira a café-de-coador
E vem do outro lado do Atlântico
De fato a fascina, esse vento
Que traz qualquer coisa de etéreo
Que lembra feijão com arroz
E vem lá do outro hemisfério
.
A Itália, menina, adormece
Desnuda, sonhando contente
Entrega-se aos braços de um vento
Que é filho d’outro continente
Não sabe a Itália, tão pura
Que o vento tem más intenções
E dorme, ofegante e segura
Nem sente encostar-lhe uns culhões
.
Mas eis que estes são encostados
E quente é o contato cutâneo
E goza e geme a Itália
No meio do Mediterrâneo
E ficam assim, vento e Itália
Lençóis a dupla ensopa
A Itália, coitada, dormindo
E o vento envergonhando a Europa
.
No entanto é o sol moralista
E logo levanta a alvorada
A Itália desperta, confusa
Do vento ninguém sabe nada
E passam-se os anos e os séculos
Países tem gestação lenta
Mas chegam as dores à Itália
Que, incauta, ainda lamenta:
.
“Ah vento, ah vento malvado
Infame, ruim e pequeno
És maldito por teres sujado
As minhas costas no Tirreno
E não só as minhas costas sujastes
Também minha honra e meu leste
Pois ‘inda se sente o teu cheiro
De Bríndisi até a Trieste”
.
Alheio às lamúrias da Itália
O parto, porém, se inicia
Alarga-se o colo de Roma
E a Régia Calábria se amplia
A Itália, sofrendo, se agita
E um vento lhe vem à lembrança
Enquanto desponta no mundo
Sicilia, a bela criança
.
Do pai nunca mais ninguém soube
A Itália o maldiz e desdenha
Mas eis que milênios depois
Surgiu a pequena Sardenha
Porém são segredos da Itália
Que a nós não nos cabe saber
Pois negra é a noite no mar
E o dia demora a nascer.

Élcio Thenório.

Meus poetas preferidos (20)


zé vicente lima (zezão)

o zé vicente é poeta de mão cheia e fotógrafo que
fica horas e horas esperando tons, cores, silencios
e luzes corretas para uma boa foto e, principalmente,
um amigo queridíssimo dos tempos jurássicos do
movimento popular de arte, o mpa.

atualmente ele mora numa cidadezinha do paraná e
é visto de forma bissexta em são miguel, quando
passa como um cometa deixando atrás de si um
clarão de alegria e mansa sabedoria popular que
se impõe naturalmente.

ontem ele encaminhou-me alguns versos que
deixaram meu ego inchado como um pavão, os
quais credito, quando desço do pedestal e calço
as sandálias do bom senso, à sua amizade canina,
da qual não abro mão nem sob tortura.

akira - 18/07/2011.


Pro Akira

Dizem que jogava bola,
Que é do tempo descalço,
Quebrava o galho na zaga
E sabia ser ponta falso.

Mas eu como não pude ver
Não posso testemunhar,
Talvez, mais um japonês
Dos que não sabem driblar.

E como pra quase todos
Não é só bola que rola,
Teve que achar um jeito
De dar, não pedir esmola

Foi trabalhar na borracha,
Na hora, o que apareceu,
De redonda, não a bola
Redondos, câmara e pneu

Mas se disserem que tem
Muita idéia no juízo
Isto sim, posso afirmar,
Aliás, nem é preciso

Já passa dos trinta anos
Que a gente se conhece,
Escreve feito um maluco
Como uma aranha, que tece

A dor do tormento, a paixão
O desengano, a pobreza, o medo
Seu punho firme relata
As duas faces do enredo.

Abre o peito, mostra a alma
Não tem medo da censura,
Sua vida não é dele
E sim, de quem a procura.

Desses que quase não dormem,
Levanta cedo, deita tarde
Esfria com uma cerva
O fogo do peito, quando arde.

Às vezes parece um sol
Tantos planetas, à volta
Quando um nó aperta alguém
É esse astro quem solta.

É um poema por dia
E um registro a cada instante,
É a luta pela vida
E a serenidade no semblante.

“Japonês não joga bola
Japonês não é poeta.
Só é bom na matemática
Não bate tiro de meta.”

Nunca mais repita isso
Mentira, isso é mentira
Tem japonês que faz gol
E escreve com o Akira.

Zé Vicente 17.07.2011.

Sina

A gente é feito preso
E na barriga, espera, espera
E arrrebenta.

Já solto na vida, pensa, pensa
Marca um plano e tenta.

Bate a cara no mundo, sofre
Entra dia, sai ano e a gente luta
Não desiste e agüenta

(A vida passa rápido
E nos carrega para uma morte lenta)

JVL 1983