terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Batebola no Jardim de Hideko

Recebi por email vários poemas/respostas às provocações "No jardim de Hideko" e "O amor seja como for", batebola de um toque só num espaço mínimo e tempo imediato. Vou publicá-los aqui na medida do possível e ao sabor das circunstâncias.


o jardim nas oliveiras

fim de primavera
aquarelas no chão.

verão inteiro
jardim sem jasmim

sementes germinam
no coração.

Cláudio Gomes – 10/12/2010.

No jardim de Hideko

hidden coisas que eu nem desconfio:
raios de luas, asas, rios
folhas e bolhas
de pés de infância

Bola num canto
e um mundo dentro
de um goleiro
no outro.

Gilberto Braz - 10/12/2010.

Amanhecer

Assim que da noite se fez dia
e tua presença se fez imagem no meu peito
abri, apressado, todo sem jeito
as janelas do meu ser,
pra você em mim,
matinalmente amanhecer.

Carlos Alberto Rodrigues.


"aurora

      geme a madrugada de calor
acorda toda lambuzada
de amor"


"aquário

no quadrado do quarto
inteiro

nada contra
as correntezas"

Escobar Franelas
09/12/2010.

no jardim de hideko (3)

penso que nem sei
sobre o jardim de hideko
nem mesmo quem o é
se passarinho canoro
se ave de agouro
no toco ou na toca
se flor ou espinho
na haste riste
que perpetua a planta
que magnifica o planeta
no jardim de hideko
beija-flor bebe soro.

Sacha Arcanjo - 09/12/2010.


SUA ETERNIDADE

Que vívas!
Que vívas tanto
que vívas tanto quanto o brilho da última estrela.
Mas, que não lhe brote na face
nem que, por descuido d`alma
por uma única vez
um sorriso.

Francisco Fernandes.


O Campo Acabou, Sai Com Bola e Tudo

Ainda não aprendi a dominar a bola,
essa talvez eu consiga de tão redonda que chega;
lançada de esquerda e de distância longa com velocidade
de Coelho Perna Longa.
Quisera fosse tocada pelo perna torta
um Garrincha quem sabe?...Só eu sei da minha idade
e do tempo da minha bola, meio pesada e murcha;
mas depois da pelada, na hora da ducha,
passava as duas mãos na bunda do pipoqueiro;
que se colocava certo, dominava certo, mas chutava para fora
do gol aberto.

Ciço do Som / 07-12-10.


A madrugada de Americana
não oferece concessões.
Calor úmido, as bromélias choram
mais que as rosas.
O ar com preguiça de se movimentar.
As damas da noite imperam,
a lua cheia de solidão
destoa desse cenário senil,
tão deslocada
quanto a bola de capotão suando de abandono
entre espadas de São Jorge.

Chorik – 13/12/2010.

(Chorik, peço perdão pela brincadeira, mas é que voce tem um rítmo tão natural de poesia que não resisti à tentação de transformar um simples comentário seu  em formato de versos. E olhe que não ficou nada a dever para ninguém. Akira.)

Ramo, Roma
Amor sem rumo
E nem amora
Sabe onde mora
Lá onde o amor
Nem Nasceu
E já foi embora.

Ciço do Som.


NÉCTAR

Me encantam os detalhes,
jogos de luzes,
sombras,
contrastes;
tudo em você
chamando
ao amor e à arte.

E aquilo que mais escondes
e à outro velas,
fascinado,
é o que mais percebo:

tua beleza,
teu riso,
teu gozo, que desnuda,
sussurrando,
me revelas.

  Zé Carlos Batalhafam.


Amor seja como for

A bela e a fera
Encontra-se diante, de um romance marginal
A força e o encanto
juntos no mesmo tanto, envolvidos bem ou mal
Temido e provocante 
Imprevisível a todo instante
Admiravel  desejo
         
Belo feitiço, belo fetiche, anjos e lobos 
Na poesia na boêmia, perto do fogo
Sera um pecado ou agraciados
As vezes tão confuso, enigmaticos
Simbologias e pressentimentos
Amor seja como for

Ronaldo Ferro.


Vou te explorar

Vou
Tomar um beijo teu
Arrancar teus botões como um louco
Te descobrir pouco a pouco
E tatuar teu corpo ao meu
 
Vou
Beijar o teu pescoço
Eriçar os teus pelos
Te desalinhar os cabelos
Libertar-te do calabouço
 
Vou
Escutar os teu profundo ais
Escalar tuas montanhas
Te encher de carinhos e manhas
Aportar feliz no teu cais
 
Vou
Explora tuas cavernas
Ouvir dos anjos um canto
Te envolver com um manto
De doces glórias eternas
 
Vou
Feliz então bem de vagar
De ti docemente impregnado
me abater no chão aos poucos
e morrer mansamente realizado.

Carlos Alberto Rodrigues.

rasante

o ser é o pássaro: vôo de olhos, razão e ciência
tal perfume em nossas vidas: lembrança e essência.

distante o mar
de rugir impaciente
ou pelas vidas que abriga
não atinge a plena paz, embora...

embora afague em suas vagas
uma vaga plenitude: amor insalubre



em tuas vagas palavras colho
e encontro o que me tinge:
manah para minha fome,
beber para minha sede.

e ainda o que me afoga
no remanso do teu leito
o que é maior e que transborda
:não é pra caber no peito

ou assunta pelas vidas
que se obrigam: um espelho

Urge que te quero em todos os sentidos
olhos, razão, perfume e pássaro
ruge o meu coração impaciente
ou é mar, e é vermelho
ou é náufrago perdido no espaço
:ele não meda a solidão
, antes os teus braços.

Gilberto Braz – 08/12/2010.


ala
de vento curvadores

quadrilha 
de palavreiros amansadistas

banca
de imaginativos  divinais

coro
dos reinventadores angelicanis

colônia
de  afinadores de sereias

digitadores de lira,

poetas azulafora,

essa  turba do akira

Cláudio Gomes
10/12/2010.


"ciano marfim"

cor de ouro
    jóia
amar ela

Escobar Franelas.












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