quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Osnofa humoriza "Pra Mim"

Acabei de chegar de São Roque. Sítio do Edsinho Tomaz, apenas 70 km de Sampa, casinha incrustada entre pequenas elevações montanhosas e verdes, lugar bucólico.
Lá, ponto do Encontro dos Leoninos, acontecimento já previsto no calendário cultural da turma do MPA, hoje foi pré-lançamento do cd "Pra Mim", do visceral  dinossauro Zé Afonso. Já passado dos 60, Osnofa - como é conhecido e traduzido -  é membro do Movimento Popular de Arte de S. Miguel, aprofundando em seus versos um humor ríspido e líquido, ricamente temperado pela "branquinha", que torna-o carismática e emblematicamente um esteta de si. Dá-se, assim, ao direito de compor versos puramente líricos dentro de uma imagem vibrátil e equilibrada em improvisos que, longe da ideia de jazz, são mais intervenções  intuitivas de um artista diferenciado, pouco dado a concertorias "fechadas".
Aqueles que acompanham sua carreira vão encontrar no (ótimo) disco suas músicas mais emblemáticas, como H-melanciou, Zé Neguinho, Pré-Doência e Caximbo (parceria com Edvaldo Santana, e já gravada por Arnaldo Antunes no disco Saiba, de 2004), entre outras. Todas compõem um repertório variado e divertido, de ironia cristalina, mas coeso e muito bem produzido, que fica ainda mais à mostra pela vibração traquina mas sutil de seu violão, viril porém igualmente delicado aos ouvidos mais atentos.
O trabalho, que teve produção do Akira e do Edsinho, com o apoio cultural do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Social e Humano (IPEDESH),  faz parte do Projeto Memória Musical já em sua terceira edição. As primeiras foram os discos Tião, de Raberuan; e Sacha 60, de Sacha Arcanjo. O Memória Musical é um projeto que procura registrar, documentar e legar para o futuro os trabalhos dos mais emblemáticos artistas da região de São Miguel, que fizeram parte de um efevescente caldeirão cultural e que corriam o risco de caírem no esquecimento coletivo, não fosse a empreitada quixotesca dos envolvidos, Akira Yamasaki, Raberuan e Cleston Teixeira.
A festa foi tanquila e inusitada, sob o lume de uma fogueira de troncos velhos,  o cheiro de iguarias sendo cozidas no fogão a lenha, violões e percussão sendo trocados (e tocados) de mão em mão, todos cantando animados, saciados, humorados. O Cleston e o Raberuan liberaram suas vozes, pegaram nos violões  e,  imantados pela felicidade contagiante do Zé,  desfilaram um rosário de sucessos, acompanhados pela turba festiva, o Edsinho à frente, também cantando seu amor à vida  amável de seus confrades ali presentes. 
O que fiz? Como não sei tocar bulhufas, liguei a câmera e eternizei o momento em imagens.E agora tô aqui, fofocando a respeito, que é das poucas coisas que sei fazer - porcamente - bem.

Escobar Franelas.

6 comentários:

  1. Escobar, muito legal o seu texto.. peço permissão para postar no blog do IPEDESH

    abç

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  2. Oi, Akira, e como se compra o CD de Osnofa? (Ah, e fico grato pelos teus comentários lá no Blag. feliz pelo teu passeio lá no meu quintal!)

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  3. Oi, Sueli, tudo bem contigo? Permissão concedida, claro!

    Há braços,

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  4. Olá Akira foi com muito prazer participar da festa de lançamento do cd Pra Mim do Osnofa, esse evento irá ficar guardado na minha memoria, tenho orgulho de fazer parte da familia do Osnofa, afinal ele é tio do meu marido Silvio que fez algumas participações na festa no CONDE WLAD ROCK BAR, fiquei ralizada ao ver o Osnofa com esse novo tabalho em mãos, sempre ouvi falar nesse monstro do MPA, mas nunca tive a oportunidade de ouvir os seus trabalhos próprios e agora com o cd "PRA MIM" fiquei muito emocionada, pois ele é uma pessoa talentosissima que merece ser reconhecido pelo Brasil.

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  5. Lela, que alegria saber que voce gostou do trabalho, saiba que o realizamos com todo o respeito, admiração e afeto que o Osnofa merece pela sua trajetória enquanto homem e artista genial.
    Aproveito a aportunidade para pedir que divulgue o CD do Osnofa para todo o seu povo. Um grande abraço.

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