quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Clarice (2)


Pessoal

Nessa tabelinha dentro da grande área, onde se derrubar é pênalti, ergui a bola com açúcar e afeto, e o Sacha não perdeu tempo: matou no peito e mandou de primeira no ângulo. Veja o gol abaixo. 

Akira - 30/09/2010.

clarice (2)

chorei por entender o teu apego
de silencioso leão marinho
sentado na boca da noite
sonhando com o seu aviãozinho
vivendo uma vida de agruras
por onde também tem espinho.

senti as palavras pesadas
como pedras jogadas no vento algoz
que leva e traz a menina luz
que tão bem se porta entre vós
quando chega é uma gata angorá
quando vai é uma estrela veloz.

fiquei bem por saber a façanha
dessa estrela que tece o escuro
que dá voltas pelo firmamento
mas que não se perdeu no monturo
e que tráz o saudoso conforto
ao colo onde alimenta o futuro.

mas nem tudo está perdido
o mugido do velho leo é forte
no seu pulso ainda tem a mesma ira
das borrachadas que lhe fizeram corte
e denso, tenso, olha ludicamente bravio
consola prá suportar santa sorte.

sacha arcanjo (30/09/2010).

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Clarice


de tão imprevista e inconstante
clarice  é assim uma espécie
de noturno e bissexto cometa
que só raramente aparece
seu destino é vagar errante
explorando a solidão dos planetas
e a dor das galáxias distantes
onde assombra as noites escuras
com seu facho de fogo brilhante

de tão irregular e itinerante
com clarice  às vezes acontece
de perder a certeza do chão
e querer em meu colo repousar
meu obediente colo de cão
mas é só por um breve instante
assim como chega sem avisar
de novo ela logo desaparece
num vôo luminoso e inquietante

de tão bipolar e tão mutante
clarice não consegue suportar
padrões, processos ou rotinas
nem pertencer a um só lugar
sua maldição é vagar constante
condenada a seguir e nunca ficar
somente dos partos das estrelas
e das fomes dos buracos negros
seus olhos sabem se alimentar.

akira yamasaki.

sábado, 25 de setembro de 2010

Meus poetas preferidos (14)

Zé Carlos Batalhafan

O Zé é um dos meus poetas preferidos.
Descubram o porque nos três poemas que posto a seguir, pequena amostra da sua poesia essencial.
Com vários livros publicados, dentre eles, "VERDADES & MENTIRAS - 1986" e "TRILOGIA DAS PALAVRAS - 2007", além de participações em várias coletâneas, o Zé constrói um caminho correto e dígno, que acompanho com respeito e admiração, apesar do pouco contato.

Akira - 25/09/2010.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Labirintos

labirinto (3)

A esperança,
essa moça sempre prenha,
vulgarmente me chama
e me lança o seu fio
ela quer me puxar
para dentro da noite
ela quer me calar
me gozar de açoite.

a esperança,
um anzol
pelos becos da vida.
essa moça fingida,
travestida.

Gilberto Braz
21/09/2010

labirinto(4)

labirinto interditado
é minha dor de dente
que me faz um penitente
entre a cruz e a espada
um gigante em derrocada
entre os deuses um mortal
que não passa do portal
tomando dexametasona
tal filho de mãe mandona
cheirando café torrado.

labirinto infinito
e lá no fim a piracema
meia noite no cinema
numa tela digital
que deus me dê melhoral
ser gigante não é mole
só se for aquele gole
no templo do quebra-facão
ser narcíso no balcão
sendo louvado e bendito.

sacha arcanjo - 22/09/2010

labirinto (5)

gota, hipertensão, cirrose
alodipino, enalapril, ziloric
hérnias de disco, artrites
cólicas renais, tendinites
acupuntura, aceclofenaco
miopia, esporão, sinusite
trabalho, trânsito, estresse
úlcera, diarréia, sonrisal
enxaqueca, doril, gastrite
preces prenhas de sonhos
esperança, velha meretriz
refém das ideologias vis
dos credos, mecados da fé
das drogas de tarja preta
desequilíbrios, labirintites
muros, becos sem saída 
quimios, buscopan, voltaren
rádios, tandrilax, arrebites.

akira -22/09/2010

labirintudo

filme acabou
fiquei na cadeira dez amassando a roupa

a mulher ama amamentou e o homem ficou na sala olhando jogo na tv

olhei a rua e a chuva
cheiro de pipoca me pegou de jeito

Quando o amor me descobriu eu era tonta!

depois do terceiro gol, o homem foi parar na  janela fumar um

na rua a chuva me pegou de jeito
nem a pouca luz do filme escondeu as curvas molhadas nuas

o homem apagou a brasa  na minha bunda plana
fiquei ali presa , impressa a bafo decalcada no vidro

roupa lisa
sapato apertou
cabelo de índia
todas as ruas molhadas eram minhas saídas

quando a mulher sem batom chegou na frente 

da  luz azul  na tv
as portas cadearam o ciúme todo


Cláudio Gomes – 23/09/2010



segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Labirinto (2)

hoje aluguei:
- "fúria de titãs
   e o grande mestre"
dois filmes que espero
sejam tão descartáveis
quanto prometem

se deus quiser
hoje vou fugir de mim
na asa isoporosa e veloz
da bobagem pura e simples.

akira - 20/09/2010.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Osnofa, a bola da vez (4)

Um detalhe da poesia do Osnofa

Tenho o maior orgulho de estar promovendo no Projeto Memória Musical, na companhia dos meus chapas Raberuan, Edsinho Tomaz de Lima, Cléston Teixeira, Mizão e Mizinho de Carvalho, e Sueli Kimura, e com apoio do IPEDESH, o resgate e o registro no formato CD, da arte singular do grande poeta, compositor e cantor Osnofa, legítimo dinossauro do MPA - Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista.
Destaca-se e chama-me a atenção no trabalho do Osnofa, a ironia amarga e a acidez corrosiva das suas letras que retratam fatos aparentemente banais do nosso cotidiano, mas que na verdade iluminam zonas obscuras de situações limites, onde dar mais um passo significa cair no abismo do esquecimento.
Poesia perigosa e feita com destemor, a poesia do Osnofa. Confiram dois exemplos.

Akira - 17/09/2010.


PREDOÊNCIA

Êita, predoência
(Só quem viu pode falar)
Só - cial

O pai sinhô
O pai sinhô
Senhor, senhor, senhor risal

Mãe Dona Cida
Mãe Dona Cida
Cidá, Cidá, Cidá lena

Filho Doril
Filho Doril
Doril, Doril, Doril val

Osnofa.

AGAMELANCIOU

A gasolina com cachaça
Dá um nó cego na tripa
E a venta enfumaça

Dá caganeira
Não pode soltar o vento
Escorre pra perna abaixo
Vai parar no calcanhar
Se vem a tosse
Voce fecha o organismo
Sua frio, fica vermelho
Não levanta do lugar

Vermeia os olhos
A boca fica espumando
Cururú do bucho inchado
Lagarto vem aí
Cancão de fogo
É lobisomem, é lagartixa
Besta fera, lua cheia
Gato preto, sucuri

Passado o efeito
Voce fica perguntando
Os vexame que foi dado
Passa a não acreditar
Subiu na mesa
Descascou uma mandioca
Bebeu toda a água da caixa
Melanciou, se revelou.

Osnofa.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Trupe Artemanha no Jardim das Oliveiras

Evento: MovimentAção IPEDESH apresenta
            Trupe Artemanha no Jardim das Oliverias

Espetáculo: "Brasil, quem foi que te pariu?"

Local: Rua Enseada de Itapacoróia  (em frente ao João Prado)

Data: 12/09/2010 às 16h

Realização: IPEDESH, Buraco d'Oráculo e EE Prof. João Prado Margarido


domingo, 12 de setembro de 2010

Setembros

(para chorik)

coração pesado 
nessa manhã incerta
estacionada no silencio 
de pássaros apreensivos
pendurada no meu grito 
engasgado.

akira - 12/09/2010.

sábado, 11 de setembro de 2010

MovimentAção IPEDESH

Teatro de Rua no Jardim das Oliveiras

Pessoal

Informo que o MovimentAção IPEDESH, em parceria com o Buraco d'Oráculo, Direção da EE Prof João Prado Margarido e moradores do Jardim das Oliveiras, promoverá no dia 12/09/2010 - domingo, às 16h, de forma gratuita, em frente ao João Prado, o espetáculo de teatro de rua "BRASIL, QUEM FOI QUE TE PARIU?", com a Trupe Artemanha de Investigação Urbana.
Utilizando elementos do circo que, confere agilidade e dinâmica ao espetáculo, da comédia del'arte que acentua o grotesco e ressalta as características dos personagens e de danças tipicamente brasileiras como forró, samba, maracatu, frevo e outros, a Trupe Artemanha celebra de uma forma alegórica o encontro entre o índio, o branco e o negro e passa a limpo a grande farsa da história do Brasil, cruzando personagens históricos e atuais.
Quem foi que pariu o Brasil? Compareçam para saber. O endereço é no começo da Rua Enseada de Itapacoróia, em frente à EE João Prado Margarido, no Jardim das Oliveiras.
Garanto que é imperdível.

Um abraço do Akira.

domingo, 5 de setembro de 2010

Osnofa, a bola da vez (3)



Evidentemente todos sabem que não consegui cumprir o prazo de entrega do CD do Osnofa, que era agosto de 2010, o que me constrange menos pelo atraso em si e mais pela impossibilidade de todos voces de compartilhar comigo o privilégio de ouvir registradas a poesia e a sonoridade particular desse músico que é um dos melhores compositores que eu conheço.
Vai atrasar um pouco. Informo a todos que as músicas estão em fase de mixagem final e elaboração do conceito visual da arte para capas e encartes.
Vai atrasar mas garanto que o padrão de qualidade do Projeto Memória Musical na Região de São Miguel Paulista, começado nos CDs do Raberuan e do Sacha, será mantido e melhorado com o do Osnofa.
Vai atrasar mas garanto que estamos conseguindo reproduzir o universo único e singular de referencias culturais deste poeta genial que é fundador e participante do Movimento Popular de Arte nos anos 1970 e 1980.
Deste cantor e compositor extraordinário que sintetiza em seu balaio de circunstâncias, influencias que vão do popular ao erudito, do rock ao chorinho, passando pelo samba, pop, maxixe, baião, bolero e outros, e que acomoda em seu interior a visão ora alegre, debochada, irônica, ácida e amarga, e ora séria, sisuda e severa das suas letras sempre inteligentes e instigantes.
Vai atrasar, acho que posso prometer um novo prazo entre setembro e outubro, mas garanto desde já que todos vão gostar. Tão logo o CD esteja pronto divulgaremos locais e datas de lançamento.
E por último agradeço comovido aos amigos que fizeram a aquisição antecipada do CD do Osnofa para ajudar a financiar os custos da sua produção. Agradeço também aos que quiserem ainda encomendar antecipadamente esse trabalho, por favor entrem em contato comigo.

Um abraço do Akira.
05/09/2010.