segunda-feira, 28 de junho de 2010

500 reais

Na quarta-feira à noite, 23/06/2010, passamos, eu e Sueli Kimura, de sala em sala no João Prado para divulgar o Sarau de domingo, 27/06. Curto e grosso quando entrava nas salas, ao "boa noite, galera" eu já emendava alguns versos impactantes que refletiam alguns aspéctos do dia a dia do meu Jardim das Oliveiras, periferida varonil, zona leste extremada.

Só assim mesmo para conseguir silencio e atenção dos alunos para passar o recado e entregar os panfletos, e de cara uma confirmação inquietante: ninguém sabia dizer o que era um sarau.

Outra constatação, dessa vez prazeirosa, foi o sucesso da apresentação de Edvaldo Santana no dia 27/05, e a força da sua poesia e música, no lançamento do MovimentAção IPEDESH, que pude comprovar porque apesar de ilustre desconhecido para os alunos do João Prado, eles passaram a cantar os seus refrões com a maior naturalidade após o show.

Numa das classes, fui abordado por um garoto de uns 16 anos para eu cantar a música dos 500 reais. Respondi que não sabia cantar, nem conhecia nenhuma música dos 500 reais. Então ele cantou:

"- Tião?

- Oi!

- Foste?

- Fui!

- Compraste?

- Comprei!

- Pagaste?

- Paguei!

- Então me diz quanto foi.

- Foi quinhentos reais."

Aí caiu a ficha. Durante a apresentação, um problema no cabo e o som do violão de Edvaldo Santana sumiu, emudeceu e evaporou na frente de mais de 400 jovens que dançavam e cantavam a sua música hipnotizante. Num momento de improviso genial, Edvaldo em dueto inesquecível com Raberuan, contornou a falha técnica cantando na capela e marcando o rítmo com palmas, a música "Cantiga dos Sapos". A platéia delirante veio abaixo cantando junto a música dos 500 reais, de Jackson do Pandeiro, de quem o garoto nunca ouvira falar.

Quanto ao 1º Sarau do João Prado foi assim assim. Umas 20 pessoas presentes, canções do Legião e do Capital Inicial, e ninguém se atreveu a desengavetar os seus poemas.

O começo é assim mesmo.


Akira Yamasaki.

28/06/2010.

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